Polarização e Intolerância Política na Universidade

Fascista!, "Comunista!", "Esquerdopata!", "Reacionário!": no dia a dia, nas redes sociais, mas também nas universidades, o xingamento, a ofensa e o radicalismo cego têm substituído o debate político saudável. Todos nós, infelizmente, temos presenciado este fenômeno (às vezes até participado dele), mas ao mesmo tempo não conseguimos explicá-lo com clareza. Ora, como seu próprio nome indica, o objetivo central de nosso curso é justamente oferecer esta explicação. Nosso estudo seguirá três etapas. Em um primeiro momento, nosso propósito será detectar as origens da intolerância e da polarização política presente em nossas sociedades. Veremos que as raízes deste cenário se encontram na crise de representatividade por que passam as democracias contemporâneas, e que esta crise, por sua vez, se origina dos desafios impostos pelo pluralismo da Modernidade. Na segunda etapa do curso, depois de feito o diagnóstico, trataremos dos remédios, isto é, dos modos de se combater o problema. Compreenderemos então que há basicamente dois meios de enfrentamento dos radicalismos: no âmbito social, o cultivo da virtude da tolerância, ponto de equilíbrio entre o relativismo e o fundamentalismo; no âmbito individual, o compromisso pessoal com a verdade, que reforça a prioridade da realidade sobre nossas opiniões. Por fim, tratando especificamente da natureza e do papel da instituição universitária, refletiremos sobre como ela pode ser o espaço privilegiado para a construção de uma cultura do diálogo, comprometida com a tolerância e a veracidade. Nos guiarão em nossas reflexões autores tão diferentes quanto Peter Berger, Rainer Forst, Max Weber, Alasdair MacIntyre e Santo Tomás de Aquino.